quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Mãe, deu!


Quando tinha uns 8 ou 9 anos eu imaginava que quando tivesse uns 22 por aí, eu ia ser formado, casado e com um filho a caminho. Talvez por que aquele 22 me parecesse tão distante, e de fato eu achava que não ia chegar nunca. Mas o tempo passa rápido e a gente nem percebe.
Chegou os 22, eu ainda não estou formado, penso em me casar (mas ainda não), e um filho agora só se acontecesse um deslize. Mas está tudo nos conformes, afinal, aquele meu pensamento é o que muitos pensam em relação ao futuro quando se é criança.
A gente vai crescendo e aprendendo muita coisa, vai construindo seu próprio caminho, amadurece, você deixa de brincar de carrinho, nasce barba, fica com cara de mais velho, deixamos coisas para trás, mas uma coisa nunca perderemos, que é o lado criança que levamos dentro de nós. É o que me parece, mas vai saber o futuro, de repente esse lado pode sumir. É o que realmente me assusta e me dá medo.
Atormenta-me que um dia eu possa esquecer esse meu lado criança, e me tornar apenas um adulto, de corpo e alma. A infância é o que nos preserva jovens, a pele é apenas uma capa protetora que protege o mais importante que é a nossa alma. O corpo vai envelhecer, mas que nunca envelheça o meu espírito de criança.
Quando estava no banheiro e gritava: _ Mãe, deu! Eu estava sentado no troninho, imaginando como seria o futuro quando tivesse que me virar sozinho. Hoje aquelas palavras me dizem muito mais, não são apenas palavras, mas uma página da nossa história que eu quero que fique guardada para sempre.
Aquela história que toda criança é eterna, eu levo ao pé da letra, é a minha filosofia de vida, eu sou um bobão, um crianção e não me envergonho disso, pois me recuso a renegar a minha felicidade.
Tá certo que eu já não grito mais do banheiro, mas me dá uma saudade.

(Cássio Almeida)

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Dia D


Dia D destrói,
dinossauros, duendes, dumbos, Duartes, decotes,
desertos, dromedários, doutores.
Delirante dia D,
durmo de dia, danço,
dedilho, doem dedos,
dobram dinheiro,
dinamitam deveres.
Dia D desafiador,
desafiam Deuses, demônios,
dragões, dráculas, donzelas.
Dias delas denominam devoções,
decoram, desfilam.
Desgraçados ditadores,
dominam, ditam, detonam.
Desertores desistem
decorrentes da dor.
Dois, dez, doze, duzentos,
descongelam delírios,
descem devagar, divagando.
Dia D, dos diamantes,
dos dominós, dos dentes,
dietas desconfortantes.
Dopados desinfetam diagnósticos
descrevem diários,
delimitam destinos.
Dia D,
do descobrimento
diante do desespero
danadinha dama
despiu-se do descobridor.

(Cássio Almeida)

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Aimer


Por que gostamos de quem gostamos?

Pergunta sem resposta,
não existe lógica que explique o de repente.
É como o mar,
não sabe-se o que a maré trará
de repente a onda vem e nos acerta.

Fosse fácil, fazia do meu jeito.
Quem sabe tocasse uma música no alto da Eiffel,
ou escrevesse o nome no Arco do Triunfo.
Isso é Aimer...

Eu gosto por que gosto,
sem culpa, nem pressa.
Não brigo com as horas,
prefiro aliar-me ao tempo.

(Cássio Almeida)

Ventrículo


Hoje achei que o meu coração fosse pequeno
por que sempre está cheio, transbordando,
explodindo.
E talvez não tivesse lugar pra mais ninguém.

Que nada,
coração pequeno é lenda.
A diferença está em nós,
cada um da sua maneira
ou o diminui, ou o engrandece.

O que diferencia é o que sentimos.

Meu coração não é pequeno,
meu amor que é gigante.

(Cássio Almeida)