domingo, 30 de novembro de 2008

Sem medidas


Fico feliz quando olho para o mar
e mais feliz ainda quando te vejo.
E me perco nas ondas
como quase sem querer me perco no olhar.

O mar é grande
do tamanho que merece,
já o meu amor, nem imagino.
E fico feliz novamente
pois te amo sem medidas.

Amo na escala que imagino.
Sem pressa,
sem medo,
sem data nem hora,
apenas com amor.

(Cássio Almeida)

Inventar


Eu já inventei mil desculpas para não ir ao dentista;
já inventei mentiras, monstros, sonhos
só pra fugir um pouco da realidade;
já inventei um mundo imaginário
que sempre levo comigo;
já inventei muitas histórias para contar
e acabei contando a minha história;
já inventei de tudo, até o que não sei;
só não inventei essa dor
que as vezes sente-se no peito.

(Cássio Almeida)

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Um velho menino


Como serei quando tiver setenta anos?...
O que terei me tornado,
o que terei conquistado,
o que terei perdido,
as desilusões,
os romances, os amores que vivi.
Como serei?
O que terá ocorrido nesse longo caminho,
onde estarão os meus amigos,
os amigos velhos, os amigos novos,
a minha família.
O que terá ocorrido com o mundo
até os meus setenta anos de vida?
Quantas guerras terão passado,
quantas mentiras, quantas injustiças.
Haverá água? Haverá vida?
Ainda existirão os animais em extinção?
Como serei aos setenta anos?
Serei careca, ou haverá alguns cabelos brancos
contando uma história que não é só minha.
E os outros como serão?
E os dias como andarão?
O caos, os engarrafamentos, as buzinas,
será que haverá espaço para os carros?
E o nosso espaço cada vez mais se traduz
em uma senha de msn.
E a saúde? As doenças, Aids, câncer,
terão descoberto a cura?
Ou será tudo um conto de fadas.
Morro de curiosidade das futuras descobertas sobre o Universo
que até perco o sono tentando imagina-las.
Fico pensando como vai soar aos meus ouvidos as músicas que escuto hoje.
Fico pensando quantos títulos meu time terá ganhado e perdido.
E quantos choros,
e quantos sorrisos,
quantos abraços e beijos
ganhados, negados e imaginados.

Como serei?

Espero ser não apenas um velho
mas um velho menino ainda.
Que fique com a idade estampada na pele,
mas que minha alma ainda corra como uma criança
e siga brincando e brindando a vida e o tempo.
Pois não me assusta morrer um dia,
(em uma teoria minha: não morrerei!),
mas atormenta-me que um dia esse menino canse
e deixe de brincar.
Se isso acontecer, então terei morrido ainda vivo,
e tão pouco importa o resto.
Mas se isso venha acontecer mesmo,
que não venha nos meus setenta anos,
espere um pouco mais,
quem sabe um dia quando o sol apagar-se.

(Cássio Almeida)