quinta-feira, 19 de novembro de 2009

O maior medo

Não tenho medo de amar, de morrer, muito menos de viver. Não tenho medo de chorar, de sofrer, nem de rir em público. Não tenho medo de Sexta-Feira 13, de trovão, nem de bicho-papão. Não tenho medo de avião, de Bungee Jumping, e nem do escuro (mas prefiro não ficar sozinho). Não tenho medo de tudo isso, mas tem uma coisa que eu tenho muito medo, o medo da saudade, da saudade que vou sentir das pessoas.
Eu tenho medo da saudade que vou sentir quando meus pais partirem, como viver sem colo de mãe, e abraço de pai. Como suportar a saudade de quem me tornou o que eu sou hoje, como seguir em frente sem a maior parte do meu coração.
Tenho medo da saudade que vou sentir se de repente meus amigos se desencontrarem pelo mundo, como suportar a saudade dos "amigos irmãos" que sempre estiveram juntos, saudade da galera que simplesmente me fazem feliz. Tenho medo que as nossas amizades sejam apenas unidas por e-mails e vozez trêmulas por telefone.
Tenho medo da saudade até das pessoas que mal me conhecem ou conheceram. Medo da saudade da "tia" que muito me vendeu e vende lanche nas madrugadas, da menina que já me alugou vários DVDs, saudades das pessoas que sempre estão no mesmo lugar, mal sabem que fazem parte do contexto dos meus dias. Medo da saudade das calçadas que cruzam os meus pés agora.
O meu maior medo é saudade...
Medo da saudade de tudo que é a minha vida agora.

(Cássio Almeida)

terça-feira, 10 de novembro de 2009

O amor é uma ironia

Eu gosto de você, e você não gosta de mim. Ela gosta de mim, mas eu não gosto dela. Parece que ela foi desenhada pra mim, e eu não esculpido pra você...
Ah se fosse simples! Mas o amor é uma ironia. O amor debocha e faz chacota do nosso coração a quem não entende as ironias do amor. Brinca e faz sofrer os corações mais desatentos e ingênuos, por não entender as desventuras do amor, por não perceber que o gosto e desgosto caminham juntos no longo e esburacado caminho.
Como entender certas coisas que vão além de um simples olhar de canto e um sorriso meio encabulado, à suspiros que se confundem com a brisa leve de um fim de tarde. O amor não se explica, o amor acontece. E quando acontecer, por si só já estará explicado, e você entenderá que tudo o que aconteceu é prefácio, era o índice para o que viria e se tornaria.
Mas não esqueça, o amor é uma ironia. Na física, lados opostos se atraem, mas no amor as coisas não funcionam bem assim, não importa o quão diferentes ou iguais sejam os lados, a atração vai muito além do que meros lados. Vai além das forças da natureza. O amor realmente prova a sua força, quebra leis da física, atravessa fronteiras entre o ódio e a dor, e amolece o mais duro dos corações.
No fundo, é só usar o próprio veneno como antídoto. O que nós precisamos na verdade é ironizar o amor, jogar o seu jogo, acreditar que sua ironia e suas armadilhas são somente partes do que é a brincadeira, que fazem parte do ritual, do verdadeiro caminho, que tudo é prefácio.
Só assim eu vou gostar de você, e você vai gostar de mim, ela vai gostar de mim e eu vou gostar de você. O desenho perfeito, esculpido na melhor das madeiras...
Que ironia, o amor se rendeu!

(Cássio Almeida)